O Jacarezinho Egoísta
Chloris Arruda de Araújo
Era uma vez... uma lagoa muito bonita, com bastante água limpinha, boa mesmo para nadar e também para passear de barquinho. Ali, muito perto, morava um Jacarezinho valente e muito orgulhoso. Ele vivia todo feliz, nadava, nadava naquelas águas clarinhas, e quase mesmo que morava lá, porque passava muitas horas se refrescando na cristalina lagoa.
Mas, esse Jacarezinho era muito mau e egoísta. Quando ele estava na lagoa, ninguém mais lá podia ir, nem mesmo de longe, pois o valentão, sozinho, tomava conta de tudo, fazendo muitos desaforos e brigando com todo o mundo. Era mesmo mau e egoísta.
E assim foi ruim até certo dia, quando não havia água lá na casa de Dona Pata. Dona Pata estava triste, pois os seus filhinhos, os três Patinhos mais bonitos da cidade, não podiam tomar banho e, o pior de tudo, eles tinham que ir à festa dos Pintinhos Amarelos.
Como fazer? Não havia uma gota d’água no grande tanque da casa dos patos. O Doutor Pato, que era um pai orgulhoso e não queria mesmo apresentar seus filhos assim tão sujos, lembrou-se da linda lagoa de águas límpidas e para lá mandou os três Patinhos para se banharem.
Lá se foram eles, com seus passinhos miúdos, cantando bem alto e bem contentes.
Agora sim, podemos ir à festa, comer doces gostosos e brincar bastante; que dia feliz!
Mas, oh! tristeza!.. lá na lagoa estava o Jacarezinho todo valente, gritando:
- Que vieram fazer aqui seus malandros?
- Viemos tomar banho, responderam delicadamente os patinhos.
- E nesta bonita lagoa é que vocês querem tomar banho? Aqui não é lugar para banhos, seus atrevidos! Disse, irritado, o Jacarezinho.
- É que lá em casa hoje não há água e nós estamos sujos, responderam humildemente os Patinhos.
- Pois continuem sujos. Para que patos precisam ficar limpos? – retrucou o Jacarezinho.
- Mas, acontece que nós vamos à festa dos Pintinhos Amarelos e assim sujos não poderemos dançar e nem brincar, insistiram os Patinhos.
-Não e não, disse o Jacarezinho. Esta lagoa é minha e ninguém pode aqui entrar.
E o Jacarezinho gritou tanto, ficou tão bravo que os Patinhos, assustados, voltaram correndo para casa.
Dona Pata, diante disso, ficou indignada, mas enchendo-se de coragem foi ver se, com boas maneiras, conseguia convencer o Jacarezinho a deixar os seus filhinhos tomarem banho na lagoa. Chegando lá, com toda delicadeza, disse:
- Por favor, senhor Jacarezinho, seja bonzinho, pois meus Patinhos precisam tomar banho, precisam...
- Eles que tomem banho em casa. Ora essa! Por acaso aqui é banheiro? Retrucou ele com maus modos.
Sem desanimar, Dona Pata insistiu:
- Meu amigo, escute por favor: Lá em casa não há água! E os Patinhos precisam ficar bem limpos, hoje.
-Por que? Para que Pato precisa ficar limpo? Rosnou o valentão.
Dona Pata já estava perdendo a paciência, mas continuou bem educada e disse:
- Senhor Jacarezinho, os meus filhos precisam tomar banho. Eles vão à festa dos Patinhos Amarelos. Será uma linda festa. Senhor Jacarezinho, o senhor não quer ir também? Irá em companhia dos meus Patinhos e eles ficarão tão contentes com isso...
- Não, não e não! Prefiro ficar aqui na minha lagoa.
- Mas então deixe que os patinhos tomem banho aqui. Eles não virão incomodá-lo, eu prometo. Assim eles poderão ir à festa.
- Trarão doces para o senhor. Qual é o doce que prefere? Continuou dona Pata, amargurada, mas ainda com muita calma.
- Eu não gosto de doce nenhum! Eu não quero nada. Só quero sossego. Não preciso de doces de ninguém. Está ouvindo?
- Mas, Jacarezinho, eu...
- Não fale mais comigo e vá-se embora que está na hora da minha soneca. Eu já disse não e muitas vezes. Esta lagoa é só minha e é muito bonita para lavar patos sujos de barro.
- Mas, Senhor Jacarezinho, não vejo razão na sua atitude, pois não será o banho dos meus filhos que irá deixar feia esta lagoa. Ela tem tanta água...
- Não e não! Já disse e repito que esta lagoa é só minha. E quero que todo mundo saiba disso, ouviu, dona Pata?
Dona Pata perdeu então a paciência e até se esqueceu de que era bem educada e boazinha. Muito zangada, disse ao Jacarezinho egoísta:
- Não faz mal, “seu”Jacarezinho egoísta, não faz mal... mas, escute só: esta lagoa um dia vai secar, escute bem, essa lagoa ainda vai secar... E foi-se embora, muito triste por ter precisado falar essas coisas ruins ao Jacarezinho.
E o Jacarezinho acomodou-se na lagoa e lá ficou para tirar uma soneca. O sol estava quente, o calor dava moleza até nos ossos e a água gostosa, gostosa...
Acontece, porém, que lá no alto, lá nas nuvens, mais alto do que voam os passarinhos e passam os aviões barulhentos, está o Papai do Céu. Ele viu e ouviu tudo. Ficou com muita pena dos Patinhos e muito triste com o Jacarezinho. Onde já se viu? A lagoa é de todo mundo! O jacarezinho precisava saber disso. Devia ser bom e gostar de todos. Não é bonito ser assim egoísta.
Então Papai do Céu conversou com o Sol. Ficou resolvido que o Jacarezinho seria castigado. Tomaria uma boa lição. O o Sol aqueceu tanto a água da lagoa que ela foi se evaporando, evaporando... e a lagoa ficou sem uma gota d’água, seca, seca...
Quando o Jacarezinho acordou, que susto! Estava todo cheio de barro!
- Será que estou sonhando? Não, não estou sonhando, não disse ele muito triste e desapontado. Esfregou bem os olhos e observou: não estou sonhando, pois ali estão as árvores, mais adiante vejo a casa dos Patinhos... Ah! já sei. Dona Pata disse que a lagoa ia secar e secou mesmo. Que infelicidade, meu Deus! Também, eu fui mau, egoísta... e começou a chorar.
-Perdão, perdão, Papai do Céu, dizia tão aflito que fazia dó.
Ele chorou tanto e ficou tão arrependido que o Papai do Céu ficou com pena dele, pois o Jacarezinho estava sendo sincero. Ele estava prometendo tornar-se um Jacarezinho de bom coração e amigo de todos. E falando e chorando ele dizia:
- Perdão, Papai do Céu! Eu sei por que a lagoa secou, eu sei! Eu não deixei que os três Patinhos mais bonitos da cidade nadassem aqui na lagoa. Eu fui egoísta! Mas agora, Papai do Céu, eu vou ficar bonzinho e todo o mundo que quiser, nadará nesta bela e límpida lagoa! Os Patinhos, os Cachorrinhos, todos! Agora sei o quanto é ruim a gente ficar sujo e não ter água para um banho!... Perdão, perdão Papai do Céu. Perdão, perdão, Papai do Céu!
Logo depois começou a chover forte e bastante e choveu tanto, tanto, tanto que a lagoa ficou, novamente, cheia d’água limpinha e gostosa.
E o Jacarezinho todo feliz, porque afinal o Papai do Céu o havia perdoado, foi correndo buscar os Patinhos para nadarem. E ainda deu tempo para tomarem banho para a festa dos Pintinhos Amarelos.
E os três Patinhos, muito bonzinhos, trouxeram uma porção de balas e um prato cheio de doces gostosos para o Jacarezinho que não era mais egoísta.
Desde esse dia, o Jacarezinho, logo cedo, assim que acordava, ia nadar convidando sempre os Patinhos, os Cachorrinhos, todos, todos para fazer-lhe companhia nas águas limpinhas e gostosas da lagoa que ficou se chamando Lagoa da Amizade. E nunca mais a lagoa secou e o Jacarezinho continuou sempre muito bonzinho.
Mas, esse Jacarezinho era muito mau e egoísta. Quando ele estava na lagoa, ninguém mais lá podia ir, nem mesmo de longe, pois o valentão, sozinho, tomava conta de tudo, fazendo muitos desaforos e brigando com todo o mundo. Era mesmo mau e egoísta.
E assim foi ruim até certo dia, quando não havia água lá na casa de Dona Pata. Dona Pata estava triste, pois os seus filhinhos, os três Patinhos mais bonitos da cidade, não podiam tomar banho e, o pior de tudo, eles tinham que ir à festa dos Pintinhos Amarelos.
Como fazer? Não havia uma gota d’água no grande tanque da casa dos patos. O Doutor Pato, que era um pai orgulhoso e não queria mesmo apresentar seus filhos assim tão sujos, lembrou-se da linda lagoa de águas límpidas e para lá mandou os três Patinhos para se banharem.
Lá se foram eles, com seus passinhos miúdos, cantando bem alto e bem contentes.
Agora sim, podemos ir à festa, comer doces gostosos e brincar bastante; que dia feliz!
Mas, oh! tristeza!.. lá na lagoa estava o Jacarezinho todo valente, gritando:
- Que vieram fazer aqui seus malandros?
- Viemos tomar banho, responderam delicadamente os patinhos.
- E nesta bonita lagoa é que vocês querem tomar banho? Aqui não é lugar para banhos, seus atrevidos! Disse, irritado, o Jacarezinho.
- É que lá em casa hoje não há água e nós estamos sujos, responderam humildemente os Patinhos.
- Pois continuem sujos. Para que patos precisam ficar limpos? – retrucou o Jacarezinho.
- Mas, acontece que nós vamos à festa dos Pintinhos Amarelos e assim sujos não poderemos dançar e nem brincar, insistiram os Patinhos.
-Não e não, disse o Jacarezinho. Esta lagoa é minha e ninguém pode aqui entrar.
E o Jacarezinho gritou tanto, ficou tão bravo que os Patinhos, assustados, voltaram correndo para casa.
Dona Pata, diante disso, ficou indignada, mas enchendo-se de coragem foi ver se, com boas maneiras, conseguia convencer o Jacarezinho a deixar os seus filhinhos tomarem banho na lagoa. Chegando lá, com toda delicadeza, disse:
- Por favor, senhor Jacarezinho, seja bonzinho, pois meus Patinhos precisam tomar banho, precisam...
- Eles que tomem banho em casa. Ora essa! Por acaso aqui é banheiro? Retrucou ele com maus modos.
Sem desanimar, Dona Pata insistiu:
- Meu amigo, escute por favor: Lá em casa não há água! E os Patinhos precisam ficar bem limpos, hoje.
-Por que? Para que Pato precisa ficar limpo? Rosnou o valentão.
Dona Pata já estava perdendo a paciência, mas continuou bem educada e disse:
- Senhor Jacarezinho, os meus filhos precisam tomar banho. Eles vão à festa dos Patinhos Amarelos. Será uma linda festa. Senhor Jacarezinho, o senhor não quer ir também? Irá em companhia dos meus Patinhos e eles ficarão tão contentes com isso...
- Não, não e não! Prefiro ficar aqui na minha lagoa.
- Mas então deixe que os patinhos tomem banho aqui. Eles não virão incomodá-lo, eu prometo. Assim eles poderão ir à festa.
- Trarão doces para o senhor. Qual é o doce que prefere? Continuou dona Pata, amargurada, mas ainda com muita calma.
- Eu não gosto de doce nenhum! Eu não quero nada. Só quero sossego. Não preciso de doces de ninguém. Está ouvindo?
- Mas, Jacarezinho, eu...
- Não fale mais comigo e vá-se embora que está na hora da minha soneca. Eu já disse não e muitas vezes. Esta lagoa é só minha e é muito bonita para lavar patos sujos de barro.
- Mas, Senhor Jacarezinho, não vejo razão na sua atitude, pois não será o banho dos meus filhos que irá deixar feia esta lagoa. Ela tem tanta água...
- Não e não! Já disse e repito que esta lagoa é só minha. E quero que todo mundo saiba disso, ouviu, dona Pata?
Dona Pata perdeu então a paciência e até se esqueceu de que era bem educada e boazinha. Muito zangada, disse ao Jacarezinho egoísta:
- Não faz mal, “seu”Jacarezinho egoísta, não faz mal... mas, escute só: esta lagoa um dia vai secar, escute bem, essa lagoa ainda vai secar... E foi-se embora, muito triste por ter precisado falar essas coisas ruins ao Jacarezinho.
E o Jacarezinho acomodou-se na lagoa e lá ficou para tirar uma soneca. O sol estava quente, o calor dava moleza até nos ossos e a água gostosa, gostosa...
Acontece, porém, que lá no alto, lá nas nuvens, mais alto do que voam os passarinhos e passam os aviões barulhentos, está o Papai do Céu. Ele viu e ouviu tudo. Ficou com muita pena dos Patinhos e muito triste com o Jacarezinho. Onde já se viu? A lagoa é de todo mundo! O jacarezinho precisava saber disso. Devia ser bom e gostar de todos. Não é bonito ser assim egoísta.
Então Papai do Céu conversou com o Sol. Ficou resolvido que o Jacarezinho seria castigado. Tomaria uma boa lição. O o Sol aqueceu tanto a água da lagoa que ela foi se evaporando, evaporando... e a lagoa ficou sem uma gota d’água, seca, seca...
Quando o Jacarezinho acordou, que susto! Estava todo cheio de barro!
- Será que estou sonhando? Não, não estou sonhando, não disse ele muito triste e desapontado. Esfregou bem os olhos e observou: não estou sonhando, pois ali estão as árvores, mais adiante vejo a casa dos Patinhos... Ah! já sei. Dona Pata disse que a lagoa ia secar e secou mesmo. Que infelicidade, meu Deus! Também, eu fui mau, egoísta... e começou a chorar.
-Perdão, perdão, Papai do Céu, dizia tão aflito que fazia dó.
Ele chorou tanto e ficou tão arrependido que o Papai do Céu ficou com pena dele, pois o Jacarezinho estava sendo sincero. Ele estava prometendo tornar-se um Jacarezinho de bom coração e amigo de todos. E falando e chorando ele dizia:
- Perdão, Papai do Céu! Eu sei por que a lagoa secou, eu sei! Eu não deixei que os três Patinhos mais bonitos da cidade nadassem aqui na lagoa. Eu fui egoísta! Mas agora, Papai do Céu, eu vou ficar bonzinho e todo o mundo que quiser, nadará nesta bela e límpida lagoa! Os Patinhos, os Cachorrinhos, todos! Agora sei o quanto é ruim a gente ficar sujo e não ter água para um banho!... Perdão, perdão Papai do Céu. Perdão, perdão, Papai do Céu!
Logo depois começou a chover forte e bastante e choveu tanto, tanto, tanto que a lagoa ficou, novamente, cheia d’água limpinha e gostosa.
E o Jacarezinho todo feliz, porque afinal o Papai do Céu o havia perdoado, foi correndo buscar os Patinhos para nadarem. E ainda deu tempo para tomarem banho para a festa dos Pintinhos Amarelos.
E os três Patinhos, muito bonzinhos, trouxeram uma porção de balas e um prato cheio de doces gostosos para o Jacarezinho que não era mais egoísta.
Desde esse dia, o Jacarezinho, logo cedo, assim que acordava, ia nadar convidando sempre os Patinhos, os Cachorrinhos, todos, todos para fazer-lhe companhia nas águas limpinhas e gostosas da lagoa que ficou se chamando Lagoa da Amizade. E nunca mais a lagoa secou e o Jacarezinho continuou sempre muito bonzinho.